Vivemos em um planeta que se deteriora rapidamente. O impacto da humanidade tem sido devastador e evidente. Aproximadamente um quarto da área terrestre do planeta foi convertida para uso humano. Quase metade das florestas tropicais e temperadas foi cortada ou demolida. A poluição do ar, terra e água tornou-se global. Por causa da exploração excessiva e negligente, plantas e animais estão desaparecendo em um ritmo sem precedentes. Por exemplo, queimadas devastam as matas e os animais do Pantanal há 40 dias. Milhares de espécies são extintas a cada ano. Ao transportar micróbios, plantas e animais para novos lugares, temos inadvertidamente disseminado doenças e acelerado a destruição de espécies nativas.
Será que o Criador, que declarou que todas as formas de vida são “muito boas” (Gn 1:31), que amorosamente alimenta e sacia todas as criaturas (Sl 104:24-27; Is 43:20; Mt 6:26), e que vê os pardais que caem dos céus (Mt 10:29), percebeu no que se tornou Sua criação? Será que Ele vê que “toda a criação geme” (Rm 8:22)? É claro que sim!
Alguns cristãos expressam mais preocupação com a criação de Deus do que outros. Muitos veem nas Escrituras um mandamento claro ordenando a preservação da criação, mas outros enxergam a permissão implícita para saqueá-la. Curiosamente, várias pesquisas publicadas revelam que os cristãos e os de outros grupos religiosos são consideravelmente menos preocupados com questões ambientais que o público em geral. Por que isso acontece?
Pelo menos três razões explicam a indiferença ou até mesmo os sentimentos antiambientalistas de alguns cristãos.
Em primeiro lugar, alguns argumentam, com base na teologia do domínio (Gn 1:26, 28), que Deus permite que os seres humanos explorem os recursos naturais sem preocupação com as consequências.
Além disso, nossas visões escatológicas levam alguns a insistir que não precisamos nos preocupar com nosso lar terrestre nem com suas criaturas porque este mundo será destruído e recriado na segunda vinda de Jesus.
Por último, os referidos estudos mostram que a conscientização ambiental pode ser fortemente influenciada por tendências políticas e exposição à mídia.
Muitos cristãos se ofendem com a visão secular de que a criação surgiu por processos naturais ao longo de milhões ou bilhões de anos. No entanto, alguns deles se irritam com os que acreditam que devemos nos preocupar com o que resta da criação. Eles insistem que os cientistas e os políticos, bem como aqueles cristãos que compartilham do mesmo pensamento, são alarmistas.
Por que devemos nos importar
Então, como os adventistas do sétimo dia e outros cristãos devem se relacionar com a criação? Aqui estão quatro razões pelas quais devemos adotar a mordomia ambiental.
1. Ele espera que nos importemos
As Escrituras defendem a mordomia ambiental. Devidamente compreendida, a “autoridade” dada os seres humanos para “dominar” sobre todas as coisas vivas e “subjugar” a terra (Gn 1:26, 28) refere-se ao desejo de Deus de que cuidemos da terra (Êx 23:10, 11; Lv 25:2-7, 23, 24) e tratemos os animais de forma humana, fornecendo-lhes comida e descanso suficientes (Êx 23: 5, 12; Dt 25: 4), resgatando-os do perigo (Mt 12:11) e jamais torturando-os (Nm 22: 23-33). O planeta pertence a Deus, não a nós (Lv 25:23; Sl 24:1; 1Co 6: 15-20, 10:26). Foi Deus quem sancionou a primeira “lei de proteção ambiental” (Gn 2:15) e o primeiro “ato de proteção a espécies ameaçadas” (Gn 6:19).
Nitidamente, Deus espera que os governantes nomeados para gerenciar Sua criação exerçam a mordomia benevolente e altruísta (Sl 72: 8-14; Ez 34: 2-4; Mt 20:26, 27).
2. Preservar nos leva à comunhão com o Criador
Os cristãos que procuram preservar a criação reconhecem a clara relação entre nossa compreensão da natureza e Deus: “Pergunte, porém, aos animais, e eles o ensinarão, ou às aves do céu, e elas lhe contarão; fale com a terra, e ela o instruirá, deixe que os peixes do mar o informem” (Jó 12: 7, 8).
Ellen White insistiu sobre a importância de estudar e preservar a criação de Deus. “Deus tem nos cercado de belas paisagens da natureza para cativar e ocupar a mente. É Seu desígnio que associemos as glórias da natureza com Seu caráter. Se fielmente estudarmos o livro da natureza, vamos vê-lo como um frutífero campo à contemplação do infinito amor e poder de Deus” (My Life Today, p. 294).
Na verdade, vamos estudar a natureza, aprender com ela e preservá-la para que para as futuras gerações façam o mesmo.
3. Devemos preservar por razões econômicas
Deus nos legou extraordinários recursos naturais que tornam a vida confortável e produtiva. Porém, esses recursos são finitos.
Podemos caracterizar os recursos naturais como serviços do ecossistema, dos quais depende nossa própria existência. Eles incluem o fornecimento de alimentos e água; polinização de plantas silvestres e agrícolas; reposição de nutrientes; moderação de climas extremos, incluindo atenuação de inundações e secas; proteção contra a erosão; regulação de pragas em plantas e organismos causadores de doenças; decomposição e desintoxicação de resíduos; purificação de ar e água; e manutenção da biodiversidade. Esses serviços, fornecidos gratuitamente para nós, foram avaliados globalmente em 125 trilhões de dólares por ano. Obviamente, eles são insubstituíveis.
Sem esses serviços, que estamos degradando rapidamente, nossa qualidade de vida e a de gerações futuras, seria drasticamente reduzida.
4. Devemos cuidar por razões de saúde e justiça social
Seres humanos sadios precisam de ambientes saudáveis que forneçam recursos e processos naturais que sustentem a vida humana. Ambientes degradados fornecem recursos precários e promovem doenças, tensão, conflitos e desigualdade. Infelizmente, são os pobres que normalmente suportam o peso dos problemas que surgem a partir de ambientes degradados. Pessoas e corporações egoístas exploram o ambiente e diminuem sua capacidade de sustentar a população local. As nações ricas, muitas vezes, se beneficiam às custas dos países em desenvolvimento.
Normas ambientais inconsistentes, a corrupção e o desrespeito às leis ambientais ameaçam a saúde e a subsistência de milhões de pessoas. Estima-se que uma em cada sete mortes em 2012 resultou da exposição ao solo e água contaminados, e/ou poluição do ar, e 93% dessas 9 milhões de mortes ocorreram em países em desenvolvimento. Sendo cristãos, devemos estar à frente da defesa das vítimas de injustiça ambiental, que incluem não apenas os seres humanos, mas também outras formas de vida.
Pensamento crítico
Sendo seguidores de Jesus, temos a obrigação de preservar a criação e aliviar o sofrimento humano sempre que possível. No entanto, a compreensão de como devemos agir se torna mais difícil pelas opiniões polarizadas que ouvimos. Quando se trata de questões ambientais, devemos buscar nos manter informados pelas fontes mais confiáveis. Devemos reconhecer a linguagem da propaganda com a qual nos deparamos diariamente nos meios de comunicação e blogs, pois há muitos especialistas que entendem pouco sobre as interações complexas do mundo natural. Precisamos ter a mente aberta, aplicar pensamento crítico com o melhor de nossas habilidades e tratar com respeito as opiniões dos outros, mesmo quando acreditamos que estão errados.
Testemunhando por meio da mordomia ambiental
A indiferença de muitos cristãos para com as questões ambientais levou o renomado biólogo de Harvard, E. O. Wilson, a publicar em 2006 seu livro The Creation: An Appeal to Save Life on Earth. Elaborado na forma de uma série de cartas a um pastor batista fictício, Wilson pediu que os cristãos se unissem no esforço, em grande parte secular, para salvar o que resta da criação. Em suas palavras: “A ciência e a religião são duas das forças mais potentes na Terra, e elas devem se unir para salvar a Criação”.
Parece irônico, com base na forma com a qual nossa igreja vê o ato original da Criação, que algum de nós permaneça indiferente à sua preservação. No entanto, grande parte dos adventistas e de outros cristãos tem se omitido, enquanto os não-crentes têm tomado a iniciativa de cuidar da criação. Se trabalhássemos juntos, imagine as oportunidades que haveria para testemunhar, especialmente para aqueles que mais necessitam conhecer Cristo!
Pessoalmente, tenho orgulho de pertencer a uma igreja que leva a sério o estudo do segundo livro de Deus, a natureza. A Igreja Adventista tem abraçado a mordomia ambiental com várias declarações oficiais (veja mais abaixo as declarações da igreja). Com essas declarações, a denominação reconhece que “a crise ecológica está enraizada na ganância e recusa da humanidade a praticar a boa e fiel mordomia dentro dos limites divinos da criação”. Porém, apesar dessas declarações de apoio, as instituições da igreja atualmente destinam recursos insignificantes para o que poderia ser um poderoso testemunho através da preservação da Criação.
A Criação totalmente restaurada
Embora o pecado tenha manchado a criação original de Deus, ainda podemos ver Sua obra. Fomos encarregados de assegurar que a assinatura da obra de Deus permaneça para que todos possam vê-la e aproveitá-la. É um dom de Deus. Mostramos nossa gratidão ao apreciá-la. Também podemos contrastar a presente criação com a original, que um dia será restaurada. “E morará o lobo com o cordeiro, e o leopardo com o cabrito se deitará, e o bezerro, e o filho de leão e o animal cevado andarão juntos, e um menino pequeno os guiará” (Is 11: 6).
Isso é um ecossistema que todos nós esperamos conhecer, e é ele que eu quero estudar um dia!
Ellen G. White e o cuidado com o meio ambiente
Ellen G. White foi uma ambientalista? Estava ela preocupada com questões ligadas à ecologia, reciclagem, poluentes químicos e os efeitos do consumismo desenfreado dos nossos dias? Embora tivesse vivido a maior parte de sua vida no século 19, antes de os plásticos serem inventados, da energia nuclear, de produtos químicos antropogênicos contaminarem nossos rios e córregos e antes de a ganância por petróleo poluir os ecossistemas, ela foi uma forte defensora do cuidado com o meio ambiente. Sua consciência ambiental veio de duas fontes: as Escrituras e a inspiração vinda de Deus.
"Mas o que sobre todas as demais considerações deve levar-nos a apreciar a Bíblia é que nela está revelada aos homens a vontade de Deus. Ali aprendemos o objetivo de nossa criação e os meios pelos quais esse objetivo pode ser atingido. Aprendemos a melhorar sabiamente a presente vida, e a conseguir a futura." (Conselhos aos Pais, Professores e Estudantes, p. 53)
Em relação à fonte de seus conselhos, Ellen G. White afirmou:
"Nestas cartas que escrevo, nos testemunhos de que sou portadora, comunico-lhes aquilo que o Senhor me apresentou. Não escrevo um artigo sequer, na revista, expressando meramente ideias minhas. É o que Deus me revelou em visão – os preciosos raios de luz que brilham do trono." (Testemunhos Seletos, vol. 4, p. 261)
Ellen G. White teve uma abordagem holística para sua vida e missão. Assim, para ela, cuidar da Terra não era uma atitude de distração para a alma. De fato, em sua visão de mundo, a própria alma é alimentada através da beleza do mundo criado por Deus.
"[Jesus] veio como embaixador de Deus, para nos mostrar a maneira de viver de modo a conseguir na vida os melhores resultados. Quais foram as condições escolhidas pelo Pai infinito para seu Filho? Uma habitação isolada nas colinas da Galileia, [...] a serenidade da alvorada ou do crepúsculo no verdor do vale; o sagrado ministério da natureza; o estudo da criação e da providência; a comunhão da alma com Deus – tais foram as condições e oportunidades dos primeiros anos de vida de Jesus." (A Ciência do Bom Viver, p. 365-366)
Além disso, ela acreditava que a própria natureza não só promove a glória de Deus, mas também traz descanso e alegria para pessoas de todas as idades.
"É repousante para os olhos e para a mente demorar-se sobre as cenas da natureza, sobre as florestas, os montes, vales e rios, desfrutando o prazer de infindáveis variedades de forma e cor, e a beleza com que as árvores, arbustos e flores estão agrupados no jardim da natureza, fazendo-a um quadro de beleza. Crianças, jovens e adultos podem igualmente encontrar repouso e satisfação aí." (O Lar Adventista, p. 154)
Ela também incentivava as pessoas a comprar um pedaço de terra para cultivar.
"Compre um pequeno pedaço de terra, onde você pode ter um jardim, onde as crianças podem ver as flores crescendo, e aprender lições de simplicidade e pureza." (General Conference Bulletin, 30 de março de 1903, p. 29)
Ela também acreditava no poder terapêutico das plantas.
“Há vivificantes propriedades no bálsamo do pinheiro, na fragrância do cedro e do abeto, e outras árvores têm também propriedades curadoras.” (A Ciência do Bom Viver, p. 264)
Como Ellen G. White praticava o que ela pregou sobre ecologia? Ela gostava de jardinagem orgânica, caminhadas, acampar nas montanhas, piqueniques com a família ao ar livre, e deu (assim como recebeu) tratamento natural para os doentes, incluindo hidroterapia, massagem e outras intervenções de saúde integral. Em seu diário, durante a viagem no norte da Itália, Ellen G. White escreveu com entusiasmo sobre o mundo natural:
"Temos outra bela manhã. Os Alpes cobertos de neve linda com o sol que descansa em cima [...] Este é o cenário mais impressionante que já vimos. Assemelha-se muito ao Colorado e suas montanhas rochosas selvagens, precipícios, ravinas, profundos desfiladeiros e vales estreitos." (Manuscript Releases, p. 303)
Em sua última casa, em Elmshaven, Ellen G. White arrumava cuidadosamente sua mesa, e os seus netos se lembram de que havia argolas para guardanapos e buquês de flores no sábado. Para ela, a natureza é um dom de Deus para nós e Ele pretende que nós nos importemos com ela.
"Ele pôs, no princípio, nossos primeiros pais entre os belos quadros e sons em que deseja que nos regozijemos ainda hoje. Quanto mais chegarmos a estar em harmonia com o plano original de Deus, mais favorável será nossa posição para assegurar saúde ao corpo, espírito e alma." (A Ciência do Bom Viver, p. 365)
Provavelmente nenhum dos conselhos de Ellen G. White é tão voltado para o meio ambiente como sua defesa de uma dieta vegetariana. Observe que só o praticar o vegetarianismo resultaria em melhor saúde, e também poderia ajudar a salvar os animais e a Terra.
"Cereais, frutas, nozes e verduras constituem o regime alimentar escolhido por nosso Criador. Esses alimentos, preparados da maneira mais simples e natural possível, são os mais saudáveis e nutritivos. Proporcionam uma força, uma resistência e vigor intelectual que não são promovidos por uma alimentação mais complexa e estimulante." (A Ciência do Bom Viver, p. 296)
Embora Ellen G. White escrevesse antes da ganância por petróleo dominar a política do mundo, e que a água se tornasse um recurso ameaçado, sua defesa vegetariana pode proteger esses produtos em declínio. A produção de alimentos de origem vegetal requer muito menos fertilizantes, energia, pesticidas, água e menos terra do que a produção de alimentos de origem animal. Comer uma dieta baseada em vegetais protege nosso planeta, poluindo menos o ar e a água, produzindo menos gases causadores do efeito estufa e evitando a erosão do solo.
Ellen G. White também reconheceu a importância da água pura e do ar limpo.
"As preciosas coisas do vale se alimentam dessas montanhas eternas. Os Alpes da Europa são a sua glória. Os tesouros das colinas concedem suas bênçãos aos milhões. Observamos inúmeras cataratas correndo dos topos das montanhas para os vales abaixo." (Manuscript Releases, v. 3, p. 215)
Em relação à poluição atmosférica, ela afirmou:
"O ambiente material das cidades constitui muitas vezes um perigo para a saúde. O estar constantemente sujeito ao contato com doenças, o predomínio de ar poluído, água e alimento impuros, as habitações apinhadas, obscuras e insalubres, são alguns dos males a enfrentar." (A Ciência do Bom Viver, p. 365)
Ellen G. White vincula a ecologia à comissão evangélica, incluindo o que comemos, a forma como podemos viajar, como gastamos o nosso dinheiro, mesmo como podemos restaurar terra utilizada abusivamente. Era o plano de Deus, pelo seu povo do passado e atualmente, ensinar todas as nações como cuidar da Terra de forma adequada e como se manter livre de doenças, apontando, assim, para o Criador como fonte de saúde, beleza e alegria. Qualquer coisa que o cristão faz para a melhoria do ambiente ecológico da humanidade oferece maior oportunidade para também melhorar a humanidade fisicamente e espiritualmente.
"Desde o solene ribombar do trovão profundo e do bramir incessante do velho oceano, até os alegres cantos que fazem as florestas ressoarem de melodia, os milhares de vozes da natureza proclamam o seu [de Deus] louvor. Na terra, no mar e no céu, com seus maravilhosos matizes e cores, variando em esplendoroso contraste ou confundindo-se harmoniosamente, contemplamos sua glória. As colinas eternas falam de seu poder." (Conselhos aos Pais, Professores e Estudantes, p. 54)
Nos últimos anos, tem havido uma proliferação de pesquisas que mostram o potencial de desenvolvimento moral do mundo natural. No entanto, Ellen G. White falou sobre o potencial de desenvolvimento moral na natureza há mais de cem anos. Ela acreditava que a natureza proveu oportunidades para aprender e aprofundar os valores espirituais, que nos são intencionais em apontar para Deus como Criador da natureza. Assim, a ecologia não é um fim em si mesmo. Um ambiente intocado aponta para um Deus que se deleita na beleza. O respeito pela criação, na visão de Ellen G. White, inclui o respeito pelo Criador.
Adão e Eva perderam o ambiente perfeito do Éden por causa do pecado. Estamos novamente correndo o risco de perder o nosso meio ambiente por causa dos pecados do materialismo, ganância, poluição e desprezo dos recursos ambientais. Em Cristo, podemos ser restaurados à imagem de Deus, uns com os outros e com a natureza. O cristão não deve olhar só para a frente, para a restauração final da Terra ao seu estado original, mas também honrar a Deus hoje, cuidando de forma responsável do planeta que Ele lhe confiou.
Declarações da Igreja Adventista sobre o meio ambiente
O mundo no qual vivemos é uma dádiva de amor do Deus Criador, que “fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas” (Apocalipse 14:7; 11:17-18). Nesta criação, colocou os humanos, criados intencionalmente para relacionarem-se com Ele, com as outras pessoas e com o mundo ao redor. Assim, os adventistas do sétimo dia mantêm que a preservação e manutenção da criação estão intimamente relacionadas com o culto a Ele.
Deus separou o sábado como um memorial e lembrança perpétua de Seu ato criativo e do estabelecimento do mundo. Ao repousar nesse dia, os adventistas do sétimo dia reforçam o senso especial de relacionamento com o Criador e com Sua criação. A guarda do sábado acentua a importância de nossa integração com o meio ambiente geral.
A decisão humana de desobedecer a Deus interrompeu a ordem original da criação, resultando em uma desarmonia alheia a Seus propósitos. Desta forma, nossa atmosfera e águas estão poluídas, as florestas e a vida selvagem saqueadas, os recursos naturais esgotados. Sendo que nós consideramos os seres humanos como parte da criação de Deus, nossa preocupação com o meio ambiente se estende à saúde e ao estilo de vida pessoal. Nós advogamos uma forma de vida saudável e rejeitamos o uso de substâncias tais como o fumo, o álcool e outras drogas prejudiciais ao corpo e aos recursos da terra; e promovemos uma dieta vegetariana simples.
Os adventistas do sétimo dia estão comissionados a um relacionamento respeitoso e cooperativo entre as pessoas, reconhecendo nossa origem comum e compreendendo a dignidade humana como uma dádiva do Criador. Uma vez que a miséria humana e a degradação do meio ambiente estão inter-relacionadas, nós nos empenhamos por melhorar a qualidade de vida de todas as pessoas. Nosso objetivo é manter um crescimento dos recursos atendendo concomitantemente às necessidades humanas.
O verdadeiro progresso quanto a cuidar de nosso ambiente natural recai sobre o esforço individual e cooperativo. Nós aceitamos o desafio de trabalhar em prol da restauração do desígnio global de Deus. Movidos pela fé em Deus, nós nos comprometemos a promover o progresso que se revela nos níveis pessoal e ambiental em pessoas íntegras e dedicadas a servir a Deus e a humanidade.
Neste compromisso confirmamos ser mordomos para com a criação de Deus e cremos que a restauração total se concretizará apenas quando Deus fizer novas todas as coisas.
Esta declaração foi aprovada e votada pela Associação Geral do Comitê Executivo dos Adventistas do Sétimo Dia na sessão do Concílio Anual em Silver Spring, Maryland, EUA, 12 de outubro de 1992.
Os adventistas do sétimo dia creem que a espécie humana foi criada à imagem de Deus, assim representando a Deus como Seus mordomos, para dominar o ambiente natural de uma maneira fiel e frutífera.
Infelizmente, a corrupção e a exploração podem ser atribuídas à responsabilidade humana. Homens e mulheres têm se envolvido cada vez mais em uma destruição megalomaníaca dos recursos naturais, resultando em grande sofrimento, descontrole ambiental e ameaça da mudança climática. Conquanto a pesquisa científica precise continuar, as evidências confirmam que a crescente emissão de gases destrutivos, a diminuição da camada protetora de ozônio, a destruição maciça das florestas americanas e o chamado efeito estufa, estão ameaçando o ecossistema terrestre.
Estes problemas são, em sua maioria, devidos ao egoísmo humano e à egocêntrica atividade para obter mais e mais por meio do aumento da produtividade, do consumo ilimitado e do esgotamento de recursos não-renováveis. A causa da crise ecológica está na ganância humana e na opção de não praticar a boa e fiel mordomia dentro dos limites divinos da criação.
Os adventistas do sétimo dia defendem um estilo de vida simples e saudável, onde as pessoas não participam da rotina do consumismo desenfreado, da obtenção de posses e da produção exagerada de lixo. É necessário que haja respeito pela criação, restrição no uso dos recursos naturais, reavaliação das necessidades e reiteração da dignidade da vida criada.
Esta declaração foi aprovada e votada pela Comissão Administrativa da Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia (ADCOM) e foi liberada pelo gabinete do presidente, Robert S. Folkenberg, na sessão da Associação Geral em Utrecht, Holanda, de 29 de junho a 8 de julho de 1995.